DISCURSO
DE ENCERRAMENTO DA 7ª SESSÃO DA 8ª LEGISLATURA
25
de Maio de 2018
SENHORA
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,
SENHOR
PRIMEIRO-MINISTRO DO GOVERNO DE MOÇAMBIQUE,
SENHORES
MEMBROS DA COMISSÃO PERMANENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,
SENHORAS
E SENHORES DEPUTADOS,
SENHORES
MINISTROS,
SENHORES
VICE-MINISTROS,
DIGNÍSSIMAS
AUTORIDADES CIVÍS, MILITARES E RELIGIOSAS,
SENHORES
MEMBROS DIRIGENTES DOS ÓRGÃOS JUDICIAIS DE MOÇAMBIQUE,
SENHOR
PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORA
GOVERNADORA DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORES
REPRESENTANTES DE PARTIDOS POLÍTICOS,
SENHORES
MEMBROS DO CORPO DIPLOMÁTICO,
SENHORES
MEMBROS DOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL,
CAROS
CONVIDADOS,
MINHAS
SENHORAS E MEUS SENHORES,
EXCELÊNCIAS,
Ao iniciarmos a nossa
intervenção nesta sessão solene, do encerramento da sétima sessão, queremos
manifestar a nossa solidariedade com a Bancada Parlamentar da Renamo e da
família Dhlakama pelo desaparecimento físico do Presidente Afonso Dhlakama.
A sua perda física deixa
um grande vazio na classe política moçambicana, tendo em consideração o seu
destaque; o seu combate político e contributo para pacificação e democratização
de Moçambique. O seu engajamento; as suas convicções e a sua liderança serão sempre
pontos de referência da nossa história política e o seu legado será recordado
por muitos.
Glória a sua memória; e
Paz a sua alma.
Excelências,
Ontem, dia 24 de Maio de
2018, foi aprovada em definitivo a Proposta da Revisão Pontual da Constituição da
República criando assim os comandos constitucionais para a eleição dos
Governadores Provinciais e, a partir do ano 2024, a eleição dos Administradores
Distritais.
O posicionamento da
Assembleia da República em aprovar a Proposta da Revisão Pontual da Constituição
da República, de forma consensual, viabiliza a criação de condições conducentes
a uma Paz efectiva, Reconciliação e Estabilidade Social.
A Revisão Pontual da
Constituição da República por si só não é suficiente para uma paz efectiva sem
resolver as causas dos conflitos pós-eleitorais.
Reiteramos a nossa
posição para uma reflexão profunda sobre a gestão dos processos eleitorais em
que a Comissão Nacional de Eleições seja independente e profissional com
autonomia administrativa e financeira, e um Secretariado Técnico da
Administração Eleitoral sob sua subordinação de facto, isto é, o STAE tem de
deixar de ser controlado pelo Governo Central.
Temos que eliminar os
campos de desconfiança nos processos eleitorais, condição necessária para que
haja credibilidade e aceitação dos resultados de votação.
A justiça igualitária
constitui um outro condimento para uma Reconciliação e Estabilidade Social.
Sem a existência da lei e
um sistema judicial imparcial que administre a sua aplicação, nenhum cidadão
pode ser verdadeiramente livre ou protegido pela Constituição.
Na ausência deste
pressuposto importante, que é um dos pilares do Estado de Direito, a força é
determinante na resolução de conflitos, como aconteceu recentemente no período
da tensão político-militar. E quem não tem força suficiente não consegue
manter-se livre e ser ouvido.
Sem a lei e o recurso aos
tribunais justos e independentes, os cidadãos ficam submetidos a
arbitrariedades dos governantes ou de qualquer grupo de pressão que usa meios
anti - constitucionais.
Na esteira das
arbitrariedades cometidas pelos governantes é chamada a nossa imprensa, quer
privada ou pública, para assumir o seu papel no fortalecimento da liberdade de
imprensa promovendo a circulação de ideais e educação política, valorizando a
democracia multipartidária num ambiente de honra e glória para todos.
A imprensa não deve ser
usada para bipolarizar a política moçambicana.
O futuro promissor e a
estabilidade social estão num sistema multipartidário e não de dois partidos.
O sucesso da
implementação da Revisão Pontual da Constituição da República está na
liberdade, justiça, eleições livres e transparentes, e uma imprensa
comprometida com a democracia multipartidária.
O aprofundamento da
democracia em Moçambique tem se basear no multipartidarismo e não num
bipartidarismo imposto. O bipartidarismo imposto conduzirá o nosso Estado a uma
ditadura e a um silêncio de cumplicidade que destruirá os pilares do Estado de
Direito que se pretende construir.
A democracia é associada
a liberdade humana, inclusão, liberdade de imprensa e uma justiça igualitária.
Excelências,
Tal como tínhamos dito no
dia que aprovamos a Revisão Pontual da Constituição na generalidade, a materialização da
descentralização requer, em primeiro lugar, a vontade política de reinventar o
nosso Estado, redefinir a relação entre o cidadão e o poder democraticamente
instituído assim como a gestão económica e fiscal.
Temos a consciência de
que os consensos alcançados visam viabilizar um processo conducente a uma Paz Efectiva
e Estabilidade Social, para que o nosso povo possa viver em tranquilidade e
sonhar o futuro sem medo.
Foi esta esteira de
raciocínio que moveu a Bancada Parlamentar do MDM a optar por um SIM a proposta
de Revisão Pontual da Constituição com as respectivas emendas que foram
introduzidas.
Acreditamos que
iniciamos uma nova etapa de reinvenção do nosso Estado, rumo a descentralização
e desconcentração efectivas, que vai exigir no futuro uma Revisão da
Constituição da República num ambiente livre de pressões e agendas ocultas;
ambiente inclusivo e da participação real de toda sociedade moçambicana sem
nenhuma discriminação.
Como Bancada Parlamentar
do MDM, estamos disponíveis e prontos para efectuar a Revisão do Pacote
Eleitoral e outras Leis referentes a governação local, distrital e provincial
A História fará o
registo da forma como as três Bancadas Parlamentares aproximaram as posições
para encontrarem um denominador comum à Paz, Reconciliação e a Estabilidade
Social como factores determinantes para aprovação da Proposta Pontual da
Revisão da Constituição da República.
Bem-haja Moçambique.
Excelências,
Permitam-nos abordar
sobre alguns aspectos da Politica Nacional da Defesa e Segurança do nosso país.
Nós defendemos Forças de
Defesa e Segurança Republicanas. O processo de recrutamento para vários ramos
da defesa e segurança não deve ser na base de filiação partidária. Manifestamos
o nosso interesse para que as questões militares relacionadas com o Acordo
Geral de Paz sejam resolvidas para permitir que o sistema de recrutamento seja
nacional e dever patriótico.
A resolução envolvente
destas questões deve garantir uma Paz efectiva, conducente a uma verdadeira
Reconciliação Nacional sem rancor e ódio. Temos que terminar o arrastamento da
guerra em guerra, de vítimas para mais vítimas e construir uma paz duradoura
baseada em oportunidades e justiça.
Em relação a esta
matéria, como parlamentares, estaremos atentos. O processo tem que ser célere,
transparente e seguro.
Continuamos a manifestar
a nossa preocupação em torno da situação de estabilidade na zona de Mocímboa de
Praia. Consideramos a situação de muito séria, que requer uma abordagem
profunda.
Excelências,
As incertezas na nossa
economia persistem, com as pequenas e médias empresas a enfrentar problemas de
ordem financeiros por falta de execução de actividades de suas especialidades.
Esta situação força o despedimento de milhares de trabalhadores, levando aos
nossos concidadãos ao desemprego e encerramento de muitas destas empresas.
O Estado como um dos
maiores contratantes continua numa situação deficitária por falta de injecções
financeiras.
A crise financeira
continua a estar a associada às chamadas dívidas ocultas. As soluções encontradas
pelo governo para aliviar o sofrimento do povo desta crise são cosméticas. Só
servem para defender certos caprichos e esconder certas verdades prejudicando a
maioria do povo que do suor, sacrifício e persistência sobrevive enfrentando o
custo de vida. Os serviços públicos tende a baixar a qualidade por falta de
meios e condições.
O combate a corrupção não
passa de um discurso pois o povo espera para saber quem são os verdadeiros
autores da engenharia financeira das famosas dívidas ocultas.
Excelência,
Os munícipes do todo
território nacional serão chamados para exercer o seu direito de voto em
Outubro nas cidades e vilas municipais.
Será um exercício
democrático para escolher os representantes a luz dos novos comandos
constitucionais.
Exortamos para uma
participação total, pois o poder reside no povo.
Continuaremos a exigir do
STAE a responsabilidade da sua missão de um processo que se pretende seja
justo, transparente e democrático; e deixar de ser a fonte de conflitos
pós-eleitorais.
Senhora Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro Ministro,
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,
Caros Convidados,
Hoje, dia 25 de Maio de
2018, celebra-se o Dia de África, pois, em 1963, criou-se na Etiópia a
Organização de Unidade Africana, com objectivo de defender e emancipar o
continente Africano. Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana.
Hoje os desafios da
África, além de combate a corrupção é lutar para alcançar a Independência
Económica, condição necessária para estabelecer mercados com sustentabilidade e
investir nas infraestruturas para o seu progresso, livre circulação de pessoas
e bens; e no desenvolvimento humano.
A África deve
democratizar-se mais, e promover limites de mandatos Presidenciais como um
contributo para o respeito dos direitos humanos e liberdades políticas.
Senhora Presidente,
Terminamos a sessão com
um impacto animador, e relançamos a esperança dos Moçambicanos de que o Pais
retoma os carris da Paz efectiva.
Esta Paz terá que ser
alimentada com atitudes positivas e tolerância política. Queremos
assegurar-lhe, Senhora Presidente, que nós, como a Bancada Parlamentar do MDM,
faremos a nossa parte, pois cada legislatura tem um papel a desempenhar na
eterna luta para fortalecer a supremacia da lei para todos. Apenas uma lei para
todos pode garantir a liberdade, paz, sossego, tranquilidade, segurança e
estabilidade social para todos.
Permita-me, Senhora
Presidente, saudar a si e as chefias das duas Bancadas Parlamentares.
Permita-me saudar também os Membros da Comissão Permanente da Assembleia da
República; as senhoras e senhores deputados que, com um espírito de irmandade,
muito fizeram para a produção de consensos que alcançamos.
Ao chegarmos ao fim da
nossa intervenção, queremos desejar a todos um bom regresso aos círculos
eleitorais e ao convívio das famílias.
Um
agradecimento especial a todo pessoal do apoio do Secretariado Geral da
Assembleia da República, das Bancadas, dos serviços de segurança e protecção.
Obrigado pela atenção prestada.
Maputo, 25 de Maio de 2018.
Lutero Chimbirombiro Simango
Chefe da Bancada Parlamentar do MDM
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