BANCADA PARLAMENTAR DO MDM - DISCURSO DE ABERTURA DA 9ª SESSÃO DA 8ª LEGISLATURA 28 de Fevereiro de 2019
DISCURSO DE
ABERTURA DA 9ª SESSÃO DA 8ª LEGISLATURA
28 de
Fevereiro de 2019
SENHORA
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,
SENHOR
PRIMEIRO-MINISTRO DO GOVERNO DE MOÇAMBIQUE,
SENHORES
MEMBROS DA COMISSÃO PERMANENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA,
SENHORAS E
SENHORES DEPUTADOS,
SENHORES
MINISTROS,
SENHORES
VICE-MINISTROS,
DIGNÍSSIMAS
AUTORIDADES CIVÍS, MILITARES E RELIGIOSAS,
SENHORES
MEMBROS DIRIGENTES DOS ÓRGÃOS JUDICIAIS DE MOÇAMBIQUE,
SENHOR
PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORA
GOVERNADORA DA CIDADE DE MAPUTO,
SENHORES
REPRESENTANTES DE PARTIDOS POLÍTICOS,
SENHORES
MEMBROS DO CORPO DIPLOMÁTICO,
SENHORES
MEMBROS DOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL,
CAROS
CONVIDADOS,
MINHAS
SENHORAS E MEUS SENHORES,
EXCELÊNCIAS,
Ao iniciarmos a nossa intervenção nesta sessão solene da abertura, endereçamos
a todos os moçambicanos e moçambicanas, uma saudação especial em reconhecimento
da sua acção persistente na busca de condições necessárias para materializar o sonho
de um Moçambique tranquilo, seguro, de oportunidades e para todos, sem nenhuma
discriminação.
A nossa saudação é extensiva aos moçambicanos na diáspora.
No fim do ano 2018, o sistema judiciário moçambicano sofreu um tremendo
abalo que pôs em causa todo edifício da justiça moçambicana.
A prisão do antigo Ministro das Finanças e Deputado da Assembleia da República
Manuel Chang na Africa de Sul, no dia 29 de Dezembro, a pedido das autoridades
judiciais dos Estados Unidos da América, veio destapar o véu do que já se
conhecia sobre promiscuidade entre os poderes executivos e judiciais no nosso
país.
Não pretendemos questionar a competência ou a capacidade dos nossos
juízes, mas apenas manifestar a nossa repulsa em viver num país onde o sistema judiciário
vai a reboque das vontades do poder politico.
Sempre nos batemos nesta casa por um sistema de separação efectiva de
poderes.
Por diversas ocasiões, afirmamos aqui que o modelo do nosso sistema
judiciário não se compadece com os valores dum Estado de Direito Democrático.
Jamais nos quiseram ouvir, porque enquanto o poder político não fosse abalado …
tudo ia bem!... Hoje, perante uma
tremenda vergonha nacional e internacional, tenta-se correr contra o tempo,
emendando-se à mão o que devia ter sido feito há anos atrás.
Minhas Senhoras,
Meus Senhores.
Este país está no banco dos réus por culpa do Partido que Governa desde
1975. Não é ao Chang, ao Ndambi Guebuza ou ao Sr. Leão que o mundo quer julgar.
O mundo globalizado em que vivemos hoje está a julgar o sistema judiciário
moçambicano e seu sistema político.
A justiça tem de ser igual para todos, e não em função de condição
social, política ou económica dos cidadãos.
Quantos nossos concidadãos acusados e condenados de terem roubado
galinhas, patos ou um suborno de 100, 500, 10.000 meticais são julgados em
tempos recordes e, em contrapartida os que lesam uma nação inteira; levam um
povo inteiro a viver de restrições; a suportar o custo elevado da vida; criando
escassez de medicamentos nos hospitais públicos; aumentando a taxa de
desemprego os seus processos são tramitados a uma velocidade de um cágado.
Aceitando o princípio de não haver corrupção pequena nem grande, seja
qual for o tamanho de corrupção o seu combate merece as mesmas armas, atitude e
tratamento.
Reiteramos mais uma vez que os responsáveis e mentores da engenharia
financeiras das dívidas ocultas, ilegais e não autorizadas pela Assembleia da República
devem ser criminalmente responsabilizados e o Estado Moçambicano não deve
assumir estas dívidas, isto é, o Povo Moçambicano não deve pagar.
Estas dívidas não foram aplicados para o bem comum.
Senhora Presidente da Assembleia da
República,
Senhor Primeiro Ministro,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
A situação de terror que se vive em algumas zonas da Província de Cabo
Delgado está a ganhar uma dimensão alarmante de instabilidade.
O Povo moçambicano já não suporta mais nem deseja viver em ciclos de
confrontação armada, pois temos a plena consciência de que temos a
responsabilidade de preparar um futuro de harmonia, concórdia nacional e uma
nação livre para as futuras gerações.
Esperamos que nesta sessão haja uma interacção franca sobre esta
situação, que é uma preocupação nacional e esta a ter uma dimensão regional.
A partilha de informações sobre a situação e a identificação da origem
dos autores responsáveis e a sua motivação vai galvanizar a nação inteira e
mobilizar os moçambicanos para o mesmo objectivo: defesa da integridade
territorial.
Manifestamos a nossa solidariedade com as vítimas desta situação e um
apreço de reconhecimento de sacrifício das populações nas zonas afectadas por
esta violência macabra e desumana.
Continuaremos a defender a urgência de restauração da tranquilidade e
segurança as populações de Cabo Delgado assim como o estabelecimento de
oportunidades sem discriminação e renovação da esperança.
Normalizar a vida das populações nestas zonas, é colocar o pais numa
verdadeira rota de desenvolvimento.
Senhora Presidente da Assembleia da
República,
Senhor Primeiro Ministro,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
Nesta sessão a Assembleia da República entre muitas matérias vai
debruçar e tomar a decisão sobre as seguintes Propostas de Leis:
1. Lei da Eleição dos Membros da Assembleia
Provincial;
2. Lei da Organização e Funcionamento do Órgão
Executivo da Governação Descentralizada Provincial;
3. Lei de Tutela do Estado sobre os Órgãos de Governação
Descentralizada Provinciais e das Autarquias Locais;
4. Lei de Organização e Funcionamento da
Assembleia Provincial;
5. Lei dos Serviços de Representação do Estado
na Província.
Continuamos a defender que o processo da descentralização tem que ser em
paralelo com o processo de desconcentração do poder.
Um processo da descentralização centralizada, eleva os custos e torna o
modelo de governação financeiramente insuportável, conflituoso e existência de
um governo paralelo legalmente suportado pelo governo central em todos níveis
territoriais de eleição local.
Reconhecemos a responsabilidade do Estado de assegurar as questões de
segurança, defesa e protecção dos cidadãos assim como garantir a administração
da justiça em todo território nacional e os Mega Projectos da dimensão
nacional.
Em nenhum momento a representação do Estado deve criar sombra na
legitimidade democrática dos governos locais e disputar o espaço.
As propostas leis ora depositadas com o intuito de materializar o
processo da descentralização a luz da recente revisão pontual da Constituição
da República não respondem cabalmente os pilares da democracia participativa,
em que a soberania reside no Povo.
As Propostas de leis obedeceram uma nova lógica de descentralização
administrativa sem pôr em causa o modelo de governação actual, que tem mostrado
sinais de saturação.
A Bancada Parlamentar do MDM vai se posicionar neste debate em defesa de
entidades descentralizadas com autonomia administrativa, financeira e
patrimonial efectivas, em que os Governadores tenham poderes de facto e seus
colaboradores sejam nomeados na base de confiança política.
A legitimidade democrática das entidades descentralizadas deve ser
respeitada e ser considerada como a autoridade do dia como tal.
Qualquer interferência ou tentativa de usurpar as responsabilidades dos
governos locais eleitos será um foco do conflito.
Continuaremos atentos, e da forma proactiva daremos os nossos
contributos para que as leis relacionadas com o processo da descentralização
correspondam a verdadeira expectativa do Povo moçambicano.
O Projecto Lei atinente do Regime Orgânico do Referendo depositado pela
Bancada Parlamentar do MDM há dois anos ainda não mereceu o devido tratamento
de acordo com as normas e o Regimento da Assembleia da República.
Nós como Bancada Parlamentar damos a importância a este projecto, pois
entendemos que deve ser estabelecido um mecanismo de consulta popular; o povo
deve ser consultado sobre as grandes questões nacionais.
Se este projecto tivesse sido aprovado, e estando em vigor, o povo podia
ser consultado na base de Referendo para se pronunciar sobre as dívidas ocultas,
Pagar ou Não Pagar!
A não aprovação deste Projecto é uma negação de um direito básico, do
Povo ser consultado, via referendo, sobre as grandes questões nacionais.
O exercício do Referendo é um direito constitucional.
Senhora Presidente da Assembleia da
República,
Senhor Primeiro Ministro,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
Os processos eleitorais moçambicanos têm sido problemáticos. Durante o período
que separa a última sessão desta que iniciamos hoje, tivemos a oportunidade de
interagir com os cidadãos e eleitores sobre o estado da nação e das questões
que apoquentam durante os processos eleitorais.
Há um sentimento comum de que na lei eleitoral deve ser removido o
artigo da impugnação prévia, e ser substituído por um outro que permite os
tribunais averiguar e julgar os actos ilícitos denunciados e ocorridos na mesa
de votação com base em testemunhas e outros elementos.
E que os membros da mesa de votação indicados pelos Partidos Políticos
devem ter um papel na gestão da mesa de votação, devem estar dentro da sala
onde ocorre o processo de votação e não controlar ou organizar as filas dos
eleitores como foi testemunhado nas últimas eleições.
É nossa convicção de que o Secretariado Técnico da Administração
Eleitoral deve subordinar-se, de facto, a Comissão Nacional de Eleições, CNE.
Na vida económica, o elevado custo da vida continua a sufocar as
famílias moçambicanas, o poder de compra tende a reduzir e os preços no mercado
não param de subir.
A escassez de fundos para os serviços públicos nomeadamente hospitais,
escolas e a função pública tem criado problemas sérios para o acesso de
medicamentos, acesso de qualidade do ensino e tornar os serviços públicos a
cada vez mais sem sinais de poder superar.
O salário mínimo não é suficiente para fazer face as despesas básicas.
Defendemos um salário mínimo que torne o homem e a mulher dignificados,
um salário capaz de cobrir as despesas básicas durante o mês.
É por isso defendemos a redução do IVA de 17 para 14%
Registamos o esforço de milhares de mulheres que lutam para fazer face do
custo de vida através de várias iniciativas de importação de gama de produtos,
e ate deslocação aos respectivos países da origem destes produtos; confecção de
produtos alimentares para a classe trabalhadora.
É notório que estas iniciativas de auto-sustento não são acompanhadas
com estratégias de enquadramento de formação de unidades para torna-las mais produtivas
de forma organizada e estruturada permitindo assim variedade de opções no
mercado.
A estas mulheres valentes, vai o nosso reconhecimento.
Senhora Presidente da Assembleia da
República,
Senhor Primeiro Ministro,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
Os desafios da nação são enormes, e o sucesso dependerá da partilha dos
recursos que o pais tem.
Geridos de forma egoísta, ignorando-se as comunidades e a nação, esses
recursos transformam-se numa maldição, criando um ambiente de violência e até
de guerra.
É preciso que os recursos nacionais sejam geridos com base numa política
nacional compartilhada com as comunidades; a política nacional sobre os
recursos naturais terá que ser assumida como um Pacto Nacional.
A produção agrícola tem que ser orientada para consumo e satisfazer o
mercado. A acção multissectorial na agricultura é a forma sensata baseando no
sector familiar, sector privado e a comercialização.
A mecanização da agricultura e a agro industrialização devem ser
implementadas na base de uma estratégia de curto ao médio prazo.
O sucesso destes e outros desafios requer homens e mulheres
comprometidos com desenvolvimento e o bem-estar de todos.
Por isso, a Juventude deve-se preparar para assumir as suas
responsabilidades para liderar as mudanças e iniciar a marcha para uma
verdadeira independência económica e estar vigilante contra a corrupção, a
corrupção é o inimigo número um de desenvolvimento.
Senhora Presidente da Assembleia da
República,
Senhor Primeiro Ministro,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Excelências,
Estamos num ano eleitoral.
O ano em que o povo moçambicano terá que decidir o destino da sua vida
para os próximos cinco anos.
Para poder decidir, cada um tem que votar e para votar cada um tem que
se recensear para obter o cartão de eleitor.
O cartão de eleitor vai ser usado no dia de votação para decidir quem
pode governar, qual é o Partido que deve estar no Parlamento e na Assembleia
Provincial.
Queremos exortar a todos nossos concidadãos sem nenhuma reserva para que
a partir do dia 1 de Abril desloquem-se para as Assembleias de Recenseamento
Eleitoral para recensear e obter o cartão de eleitor.
Cada um de nós tem a responsabilidade de exercer o voto, por isso vamos
recensear!
Aos órgãos eleitorais cabe a responsabilidade de garantir o
recenseamento eleitoral de todos moçambicanos para que chegado a hora, em
Outubro, possam, de forma democrática, exercer o seu direito de eleger e ser
eleitos.
Excelências,
A Bancada Parlamentar nesta IX Sessão Ordinária espera que na interacção
com a Procuradoria-Geral da República haja informações substanciais que
permitam uma avaliação real do Estado da Justiça no seu combate a corrupção.
Esperamos que esta sessão seja produtiva e uma ponte segura para os
próximos legisladores.
Nesta óptica faremos a nossa parte sempre pensando das nossas
responsabilidades em defesa do bem comum e dos interesses dos moçambicanos.
Queremos desejar a todos um bom trabalho nesta IX Sessão Ordinária da
Assembleia da República.
O nosso obrigado pela atenção prestada.
Maputo, 28 de Fevereiro de 2019.
Lutero Chimbirombiro Simango.
Chefe da Bancada Parlamentar do MDM
Comentários
Enviar um comentário